"Um dos maiores mistérios da Apple é a nossa logo, a maçã arco-íris, símbolo do conhecimento e, também da luxúria, contendo uma mordida e as cores do arco-íris na ordem errada. Não se pode pensar em um símbolo mais completo: luxúria e conhecimento, esperança e anarquia, tudo em uma só figura".
Foi o que respondeu Jean Louis Gassée, executivo da Apple entre 1981 e 1990, ao ser perguntado sobre o que achava a respeito do logo da Apple.
O logo da Apple é um dos mais interessantes e reconhecidos que existem, além do fato de que ela não tem o nome da empresa atrelado, fato raro principalmente entre as empresas de tecnologia. Mas por que Jobs e Wosniak decidiram ter a sua empresa representada através da imagem de uma maçã?
Para começarmos a responder essa pergunta temos que voltar no tempo. Ao lado temos a imagem deste que foi o primeiro logo da Apple, desenhado por Ronald Wayne: Sir Isaac Newton sentado embaixo de uma macieira lendo um livro. Reza a lenda que Newton teria se dado conta da lei da gravidade ao observar uma maçã caindo de uma macieira.
Com o passar do tempo, Steve Jobs percebeu que o logo não faria sucesso. Era de difícil compreensão, e também era muito estranho para uma empresa de tecnologia ter como símbolo algo que remete ao passado.
Então no ano 1977 coube ao designer Robert Janoff, diretor de artes da empresa Regis McKenna, a incumbência de criar um novo logo para a Apple. Janoff desenhou o logo com uma mordida no lado direito para que não fosse confundida com uma cereja ou tomate, além de servir também para causar um sentimento de desejo pelo consumidor. A mordida também servia como referencia ao slogan utilizado pela empresa Byte into an Apple (Byte dentro de uma maçã ou Morda uma maçã). Com as listras coloridas, Janoff buscava atender ao desejo de Jobs de que o novo logo divulgasse uma imagem da empresa mais “humanizada”, além de fazer clara referência ao Apple II, com sua interface gráfica colorida.
O logo da empresa foi mantido dessa maneira, até que, quando Steve Jobs retornou a Apple em 1998, ganhou um aspecto mais monocromático, buscando uma imagem mais moderna. Desde então houve varias mudanças no logo, mas sem que houvesse modificação no formato original da “maçã”.
Lendas (ou não) sobre o símbolo da Apple:
Muitos acreditam que o símbolo da Apple seria uma referência a Adão e Eva.
Segundo a Bíblia, a maçã era o fruto da sabedoria, e a mordida no logo seria uma referência e aquisição do mesmo. A fruta, como representação bíblica do conhecimento do bem e do mal, seria uma perfeita referência à sensação do desejo e da tentação que a empresa desperta em seus consumidores com seus produtos.
Outra teoria muito conhecida é a da suposta referência a Alan Turing (1912 – 1954). Turing foi um cientista inglês que durante a II Guerra Mundial ajudou os Aliados a decifrar códigos alemães e contribuiu decisivamente para a ciência da computação. Turing era homossexual e não só foi humilhado publicamente como, além de ser preso, pois o homossexualismo era considerado crime, teve de tomar injeções de estrogênio (castração química), num tempo em que se pensava que a homossexualidade podia ser curada. Não aguentou a pressão e suicidou-se, no dia 7 de Junho de 1954.
Quando foi encontrado, no dia seguinte, tinha ao seu lado uma maçã mordida, supostamente contaminada com cianureto, que Turing teria consumido para praticar o suicídio. Portanto o logo da maçã com uma mordida na direita e as listras coloridas, suposta referência à bandeira gay, seria uma homenagem ao cientista inglês.
Falando nas listras coloridas do logo de 1976, acredita-se também que elas seriam uma referência a Sir Isaac Newton, o “garoto-propaganda” do primeiro logo da Apple. É sabido que Newton realizou experiências de dispersão luminosa com prismas, no qual um raio de luz incide em um prisma transparente e triangular, projetando um espectro com varias cores do outro lado.
Todas estas histórias nunca foram confirmadas pela Apple ou Robert Janoff. Alias, tanto a Apple como Jobs sempre se permaneceram discretos e silenciosos com o que diz respeito ao significado do logo. Tudo isso serviu apenas para fortalecer o mistério e o misticismo por trás do símbolo da empresa, que até hoje ainda é motivo de muitas histórias e teorias.
Por Diego Wollinger